Projeto INCT na Caatinga: Um olhar sobre as questões de gênero
por Paula Castanho, Pesquisadora bolsista do Projeto INCT Odisseia SAB
No mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres, abordamos a questão de gênero e o papel das mulheres rurais, neste caso, as que habitam o Semiárido Brasileiro, Bioma Caatinga, PA Jacaré Curituba (PA JC), localizado no Estado de Sergipe, conforme abaixo indicado.
Figura 1. Localização do PA Jacaré Curituba- SE, local onde ocorre a pesquisa do Projeto INCT Odisseia SAB.
Fonte: Arquivos do Projeto INCT Odisseia SAB (2022).
O estudo das questões de gênero no PA JC é um dos temas da pesquisa do Projeto e tem sido tratado de forma transversal, com base na Co-Construção do Conhecimento e na Abordagem Nexus+. Esta abordagem propõe análises dos sistemas socioambientais, fundamentadas em interações entre os setores e escalas desses sistemas, a fim de se entender as dinâmicas existentes, mediante um olhar relacionado às mudanças climáticas, bem como, visa entender as estratégias possíveis para formulação de políticas públicas e fortalecimento da governança local (ARAUJO et. al, 2014).
Os resultados das pesquisas de campo do Projeto Odisseia Semiárido Brasileiro vêm sendo sistematizados e analisados, apresentando uma série de informações que poderão contribuir para direcionamento de ações voltadas também às mulheres do PA JC e região.
Foto 1. Moradoras do PA Jacaré Curituba- SE, em atividade participativa do Projeto INCT Odisseia SAB.
Fonte: Arquivos do Projeto INCT Odisseia SAB (2022).
O papel das mulheres no contexto da pesquisa se mostra fundamental, tanto no início das lutas sociais, para conquista da terra e de direitos, como para a perpetuação desses. Atualmente, no PA JC, há dezenas de mulheres responsáveis pelos processos de regularização de seus lotes, representando suas famílias. Muitas dessas participaram das lutas, quando, na década de 90, em SE e em todo o Brasil, fortaleciam-se as iniciativas dos movimentos de trabalhadores e trabalhadoras sem terra. Ocuparam, não somente a terra, mas também, um espaço de protagonismo, iniciado por tantas outras mulheres no mundo e no Brasil, como Margarida Alves, por exemplo, inspiradora da “Marcha das Margaridas”. Em 2003, muitas das reivindicações, se consolidaram em políticas públicas para mulheres do campo e da floresta, tendo sido severamente paralisadas recentemente e no governo atual, em processo de resgate. No PA JC, grupos de mulheres, como de agroindustrialização da macaxeira, ligado à União das Associações de Cooperação Agrícola do Perímetro Irrigado Jacaré Curituba – UNITUBA e das costureiras e bordadeiras, se mantém ativos, entre outros. Inspiradores também são os exemplos, como o de Roseli Santos, atualmente bolsista do Projeto INCT Odisseia SAB e liderança do MST, que tem contribuído com a equipe do Projeto para o entendimento das dinâmicas sociais relacionadas às mudanças climáticas na região que abrange o PA JC.
Foto 2. Roseli Santos, moradora do PA JC, bolsista do Projeto, em atividade de campo com Daniela Nogueira, coordenadora do Projeto INCT Odisseia SAB e Renata Távora, ambas, pesquisadoras do Centro de Desenvolvimento Sustentável- CDS/UnB.
Fonte: Arquivos do Projeto INCT Odisseia SAB (2022).
Foto 3. Roseli, em atividade de campo com a pesquisadora do Projeto, que é vinculada também ao CDS/UnB, Guadalupe Sátiro.
Fonte: Arquivos do Projeto INCT Odisseia SAB (2022).
Foto 4. A pesquisadora local, moradora do PA JC, realizando entrevista junto à Maria Mônica, residente na Agrovila Piloto do Projeto, Samariva.
Fonte: Arquivos do Projeto INCT Odisseia SAB (2022).
Referência:
ARAUJO, M. et al. The socio-ecological Nexus+ approach used by the Brazilian Research Network on Global Climate Change. Current Opinion in Environmental Sustainability, n.39, p.62-70. 2019.