A Caatinga é o bioma semiárido mais biodiverso do mundo. Ocupa cerca de 11% do território brasileiro na região Nordeste do Brasil. É o único bioma genuinamente brasileiro, onde vivem aproximadamente vinte e sete milhões de pessoas que frequentemente possuem seus modos de vida diretamente dependentes da biodiversidade do ecossistema. (MMA, 2018).

Os grandes desafios na Caatinga estão ligados a conservação ambiental (cerca de 80% dos seus ecossistemas originais já foram alterados), ao combate à desertificação (o bioma engloba 60% das áreas tendentes à desertificação no Brasil) e a melhoria na qualidade de vida das populações (as populações ainda enfrentam baixos índices de desenvolvimento humano).
A escassez de águas é comum na região, com precipitações entre 800mm e 1200mm ao ano. Contudo as projeções do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, apontam que a Caatinga será o bioma mais afetado pelas mudanças climáticas até o ano de 2100, com aumento da temperatura média anual entre 4º e 6°C, aumento da escassez de água bem como o aumento da frequência das secas. A última seca (2010 a 2017) foi considerada a mais intensa e extensa dos últimos 60 anos.
O bioma é alvo de inúmeras políticas públicas de desenvolvimento. Porém, na maioria das vezes estas propostas encontram-se desarticuladas com os interesses e saberes das comunidades a que se destinam.
Nesse escopo, o Observatório das Dinâmicas Socioambientais tem por objetivo entender os diferentes níveis de interação das dinâmicas sociais e ambientais no contexto das mudanças climáticas, ambientais e sociodemográficas com a finalidade de encontrar, junto aos atores locais, possíveis soluções sustentáveis para adaptação.
A implementação do Observatório na Caatinga ocorre em articulação com a Rede Brasileira de Pesquisas em Mudanças Climáticas (Rede Clima), por meio do Projeto Integrativo de Segurança Socioambiental (PI-SSA) que desde 2017 vem realizando estudos em rede (UnB, UFMG, INPE, Embrapa Semiárido, IRPAA, APOINME, entre outras) na porção semiárida da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco e seu entorno. O PI tem por finalidade produzir conhecimentos para a (re)formulação e implementação de ações públicas que assegurem a resiliência dos sistemas sociais e ambientais, explorando as questões de vulnerabilidade e adaptação em um contexto de transição climática.

Fontes: MMA; PBMC; Rede Clima

Submédio São Francisco

A região hidrográfica São Francisco engloba pare da região do Semiárido e ocupa aproximadamente 7,5% do território nacional, abrangendo sete Unidades da Federação e 503 dos 5.570 municípios brasileiros. Nasce em Minas Gerais e tem a sua foz no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800 kmde extensão. O Submédio São Francisco é o trecho da bacia hidrográfica do São Francisco situado no norte da Bahia e o oeste de Pernambuco, compreendendo cerca de 90 municípios dos dois estados. É a região mais seca da BHSF.

  • Atividade de Campo: Entrevistas com gestores/atores sobre políticas de adaptação e agricultores de 12 a 18 de maio de 2019 (C. Milhorance, E. Sabourin, D. Nogueira, P. Mesquita, L. Cabral). Instituições participantes: Cirad, UnB CDS, Embrapa Semiárido
  • Apresentação de resultados na Conferência Internacional de Políticas Públicas (ICPP), 25 a 28 de junho de 2019, Montreal;
  • Seminários virtuais do projeto Artimix em junho e setembro de 2019 e em março de 2020; Oficina de restituiçao dos resultados do projeto em 19 e 20 de novembro de 2020 no marco do Semiárido show em Petrolina – PE;
  • Atividades de Campo do WP3 Artimix em maio de 2019 em Petrolina e Juazeiro, junto a agricultores e comunidades rurais da área de sequeiro;
  • Participação no Seminário Inovação em Segurança Alimentar Urbana à Luz do ODS 11 da Agenda 2030, em outubro de 2019;
  • Apresentação da pesquisa Socio-environmental Vulnerability of the Indigenous tuxá in Rodelas, Bahia, na Universidade de San Diego, Califórnia, Department of Family Medicine and Public Health;
  • Coordenação da Mesa “Interação das dinâmicas sociais e ecológicas no contexto das mudanças climáticas, ambientais e sociodemográficas no semiárido nordestino” durante o IX Encontro Nacional da Anppas (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade), em novembro de 2019;
  • Participação e moderação no Seminário Seminário “Agronegócio e conflitos socioterritorias na Amazônia e no Cerrado”, realizado em fevereiro de 2020, no CDS-UnB.
  • Desenvolvimeto de cadeias de impacto com base nas percepções dos povos indígenas e comunidades tradiconais sobre as mudanças socioecológicas
  • Estudo sobre o acesso à informação pública na tomada de decisão integrada (abordagem Nexus em Segurança Hídrica, Energética e Alimentar) na bacia do Rio São Francisco, concluído e apresentado no World Forum on Climate Justice (Caledonian University, Glasgow)
  • Organização de base compartilhada de dados, informações, fotos sobre os campos realizados em 2017 e 2018
  • Metodologia de análise de políticas públicas consolidado, expressa em publicação de 1 livro na editora internacional Routledge
  • Relatórios de projeto (formato working paper divulgado a instituições parceiras e atores entrevistados), artigos científicos e de conferência internacional
  • Estabelecimento de eixos norteadores para as analises da adaptação no Semiárido: as políticas climáticas respondem a novos desafiosas; a integração da pauta climática nas políticas setoriais mostra limites; a posição dos instrumentos no mix importa; o processo políti-co na seleção e coordenação de instrumentos

Baixo São Francisco

O Baixo Rio São Francisco percorre desde Paulo Afonso (BA) até a foz do RSF (AL/SE), ocupando uma área de 25.417 hectares – 6% da região. Possui uma população de 1.441.154 habitantes (IBGE, 2010). Assim como no Submédio rio São Francisco, o Baixo RSF tem baixa oferta hídrica (1.003 mm/ano, em relação à média nacional – 1761 mm/ano), eventos críticos de seca e de abastecimento urbano. A população rural do Semiárido Brasileiro (SAB) é altamente vulnerável ao clima e desde meados da década de 1990 vem passando por uma rápida e profunda transformação socioeconômica e demográfica, com implicações para a vulnerabilidade socioambiental. Para entender melhor esta dinâmica, o projeto INCT-Odisseia escolheu o Assentamento Jacaré-Curituba, no Sertão Sergipano, para estudo de caso por meio do Sub-projeto Impacto e Respostas às mudanças socioambientais no SAB: uma abordagem a partir da ciência cidadã. O Assentamento Jacaré–Curituba foi criado em 19 de dezembro de 1997 em uma área que abrange os municípios de Canindé do São Francisco (SE) e Poço Redondo (SE). É o maior assentamento de reforma agrária da América Latina, implementado ao lado do Projeto empresarial de irrigação Califórnia, administrado há 30 anos pela COHIDRO (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe). A criação do assentamento tem sua história associada ao Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e à população deslocada pela construção da barragem Xingó. O projeto original tinha 5.005 hectares, dos quais 3.156 ha seriam irrigáveis através da captação, adução e distribuição de água do rio São Francisco. O projeto foi originalmente dimensionado para 701 famílias com acesso à irrigação, atualmente, estima-se que abrigue 1.000 famílias, distribuídas principalmente em áreas irrigadas, mas também algumas em sequeiro.

  • Coordenação de Oficinas Participativas para a Promoção do Protagonismo Feminino Rural e a Inclusão dos Jovens no Campo: esta iniciativa foi parte do Projeto Rural Sustentável, executado no Brasil pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e o IABS, tendo como beneficiário o MAPA, com fundos do DEFRA -Reino Unido, e apoio da Embrapa e do Banco do Brasil;
  • Participação no Grupo de Estudos e Pesquisas em Pecuárias (GEPPec), com foco na diversidade dos sistemas de criação e produção animal, fundamentado em abordagens multi e interdisciplinares, no âmbito dos Programas de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR) e em Agronegócios (PPGAn) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Co-organização do IX Encontro Nacional da Anppas;
  • Palestras na Mesa “Interação das dinâmicas sociais e ecológicas no contexto das mudanças climáticas, ambientais e sociodemográficas no semiárido nordestino” durante  esse encontro.

Com base nos conhecimentos e experiências acumulados no Baixo-SF, o sítio passou a focar o Assentamento Assentamento Jacaré–Curituba. Esta pesquisa está em sua fase de planejamento e articulação institucional. Até o momento ocorreram o levantamento de dados secundários sobre o Estudo de caso e articulação entre pesquisadores para montar equipe, definir principais frentes de pesquisa e grupos de trabalho. Foram realizadas quatro reuniões de trabalho para sistematizar os dados em mapas analíticos, debater as metodologias participativas e discutir o cronograma de atividades ao longo de 2020. No período também foram realizadas reuniões de articulação com a equipe do projeto Odyssea para intercâmbio de experiências do campo de Santarém realizado por este e identificando possibilidades de colaboração com o projeto no estudo de caso Jacaré-Curituba. Reuniões de articulação com o IABS também foram realizadas, formalizando a parceria com o Centro Xingó (Piranhas – AL), no qual o IABS participa como co-gestor. O Centro Xingó será o parceiro local da pesquisa, fornecendo o apoio logístico e auxiliando na articulação com atores locais.  Simultaneamente está em execução o sub-projeto “Auto-Geração Solar para assentados em Jacaré-Curituba”, também em colaboração com o IABS e Centro Xingó, cuja objetivo é gerar ações sustentáveis, como a possibilidadede montar sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede (auto-geração de energia solar), com excedente a ser vendido à rede concessionária local, visando geração de renda para essa comunidade carente.

Semiárido no Estado do Rio Grande do Norte

A área de estudo compreendeu um conjunto de sete comunidades rurais inseridas na Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Furna Feia no Rio Grande do Norte (RN), sendo cinco delas localizadas no Município de Mossoró – Serra Mossoró, Lagoa do Xavier, Recanto da Esperança, Sítio Coqueiro e Assentamento Montana – e duas no Município de Baraúna – Vila Nova I e Vila Nova II

Disciplina ministrada na pós-graduação para os discentes de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ambiente, Tecnologia e Sociedade da UFERSA. Expedição realizada na área de estudo para coleta de dados.

O estudo teve como objetivo descrever a forma de disposição final dos resíduos sólidos domiciliares em sete comunidades rurais inseridas na Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Furna Feia e apresentar uma proposta de gestão adequada de resíduos sólidos produzidos nestas comunidades. A metodologia está embasada na observação não participante, com base na lógica de investigação fenomenológica, e na pesquisa-ação, visando contribuir com a gestão dos resíduos sólidos domiciliares. Para a espacialização dos elementos de logística e infraestrutura do modelo de gestão proposto neste estudo, que inclui rotas e pontos de coleta de materiais recicláveis, utiliza-se um sistema de informação geográfica, o Quantum GIS, com o auxílio do módulo de digitalização. Os dados tem indicado que em todas as residências avaliadas ocorreu a queima de resíduo sólido, enquanto a reutilização de materiais recicláveis foi registrada em 57,5% das residências. O resíduo orgânico, compreendido por sobras de alimento, foi destinado à alimentação de animais domésticos e de produção. Com base nos dados, é apresentada uma proposta de gestão adequada dos resíduos sólidos domiciliares, com foco na reutilização de materiais recicláveis, com possibilidade de geração de renda, por meio de cooperativas e/ou associações. Para os rejeitos, elaborou-se uma proposta de coleta intermunicipal, visando diminuir gastos operacionais e possibilitar a sustentabilidade socioambiental.